“Somos todos geniais. Mas, se julgarmos um peixe pela sua capacidade de subir uma árvore, ele vai passar toda a sua vida a acreditar que é estúpido.” Albert Einstein
Acabo todas as minhas aulas com a frase “Eu sou única(o). Eu sou especial!” Porquê? Porque as crianças precisam de repetir várias vezes esta frase, para nunca esquecerem o quão valiosas são, tal como são! Nascemos únicos e especiais, com todas as nossas virtudes e, também, com todos os nossos desafios. Somos perfeitos na nossa imperfeição.
Hoje em dia fala-se muito em rankings escolares, em testes de aptidão, em quoeficiente de inteligência, em ter bons resultados escolares para se ser alguém na vida, alimentando a competição e a comparação… Mas, no fundo, o que isso significa?
Seremos todos iguais, ao ponto de sermos medidos e analisados através de testes, exames e afins, que nada mais medem senão o nosso lado racional? Não haverá vida para além do intelecto? Faz sentido haver apenas um tipo de inteligência?
Se somos todos diferentes fará sentido aprendermos todos da mesma forma?
Estas mesmas inquietações levaram o psicólogo Howard Gardner, juntamente com uma equipe de investigadores da Universidade de Harvard, a analisar e a descrever melhor o que é a inteligência. Partindo do pressuposto que a vida humana requer o desenvolvimento de vários tipos de inteligências, Gardner desenvolveu a Teoria das Inteligências Múltiplas, onde identificou e definiu mais sete tipos de inteligência, para além da lógico-matemática, que é amplamente estudada e analisada nos testes de QI.
Pela primeira vez, ouvimos falar de Inteligências Corporal-Cinestésica, Linguística, Musical, Espacial, Interpessoal, Intrapessoal e Naturalista.
A Teoria das Inteligências Múltiplas reforça a ideia de que todas as pessoas nascem com o potencial dos oito tipos de inteligência. No entanto, o ambiente onde crescem (família, amigos, escola, cidade, país…) e as experiências que vivem estimulam mais um ou dois tipos de inteligência em detrimento dos outros. Por exemplo, na maioria das escolas, as inteligências linguística e lógico-matemática são mais valorizadas do que as restantes. Convém relembrar que os oito tipos têm a mesma importância e que não há uma inteligência mais valiosa. Todas são importantes e todas nos ajudam no dia-a-dia. Interessante será identificar o nosso tipo dominante de inteligência e procurar estratégias que nos ajudem a desenvolver.
A Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner:
Inteligência Corporal-Cinestésica
Numa altura em que se fala tanto em crianças hiperactivas e em excesso de energia, decidi explorar com mais detalhe a Inteligência Corporal-Cinestésica.
Como se expressa no corpo, como ajudar crianças com este tipo de inteligência e como potenciá-la naquelas que não a têm desenvolvida.
A Inteligência Corporal-Cinestésica localiza-se no hemisfério esquerdo do cérebro e define-se como a capacidade para realizar actividades ou resolver problemas utilizando todo o corpo, com grande precisão. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em desportos, artes cénicas ou plásticas, no controlo dos movimentos do corpo e na manipulação de objectos com destreza. A capacidade intuitiva da inteligência corporal é utilizada para expressar sentimentos através do corpo.
Crianças deste tipo de inteligência precisam movimentar-se, tocar e construir para aprenderem, pois processam o conhecimento através das sensações corporais. Conseguem comunicar muito bem através de gestos e da linguagem corporal.
Muitas crianças com este tipo de inteligência são sinalizadas como crianças com PHDA, pelas dificuldades em ficar sentadas durante muito tempo, sossegadas e atentas…
Como ajudar estas crianças?
Potenciando a aprendizagem através de jogos cooperativos, de actividades manuais e artesanais, educação física, de experiências e de materiais tácteis. Precisam de respostas corporais, da dança, do teatro, de visitas de estudo, etc. Estas crianças precisam de todas as actividades onde o corpo possa expressar-se sem tensões nem resistências.
Como estimular a inteligência corporal-cinestésica em crianças onde este tipo de inteligência não está tão desenvolvida?
Encorajando-as a praticar desportos que ampliem a sua consciência corporal; a participar em jogos mais físicos; a fazer atividades manuais como lego, plasticina, barro, etc.; a praticar natação, dança, teatro, yoga, meditação mindfulness, artes marciais…
Desportistas, ginastas, bailarinos, atores, carpinteiros, artesãos, costureiros, maquinistas, cirurgiões, etc. Estes são exemplos de profissões que possuem este tipo de inteligência, porque todos precisam usar racionalmente as suas capacidades físicas.
“Podemos ignorar as diferenças e supor que todas as nossas mentes são iguais. Ou podemos aproveitar essas diferenças.” – Howard Gardner
Qual será a sua escolha, sabendo que todos somos diferentes e especiais?
Adaptado de http://uptokids.pt
Comments